Cuide da sua saúde física e mental
Que a quarentena é fundamental neste momento para ajudar a conter a pandemia de coronavírus, todos sabemos. Mas agora, passado um mês da chegada da Covid-19 ao Brasil, muitas pessoas já sentem os efeitos do isolamento social. A questão é: como manter a saúde física e mental durante uma situação de confinamento?
À primeira vista, pode até parecer fácil ficar um pouco em casa, sem sair para trabalhar, passear, encontrar as pessoas. Sair um pouco da agitação e curtir um a nossa casa. Mas com o passar dos dias, semanas, começamos a perceber os primeiro sinais do estresse que o confinamento gera.
Imagine que estudos em animais, como em gado bovino, demonstram que, em situação de confinamento esses animais apresentam um aumento da agressividade, o que gera distúrbios comportamentais. Se isso acontece com um boi, você pode calcular os efeitos na mente humana, não é?
No final do século passado, Louis Pasteur demonstrou num estudo pioneiro a correlação da alteração do sistema imunológico em um grupo de animais submetidos a uma situação de estresse extremo. Ele provou que galinhas expostas ao estresse apresentavam maior susceptibilidade a infecções bacterianas quando comparadas as galinhas livres.
De lá para cá, milhares de estudos têm sido contundentes em comprovar que inúmeras doenças podem ser agravadas ou até mesmo desencadeadas em situações de estresse, como patologias de origem cardiovascular (infarto, derrame), metabólica (diabete) gastrointestinal (úlceras e colite), infecciosa (herpes, gripes, infecções cutâneas bacterianas), câncer, além de doenças mentais como depressão, entre outras. De acordo com a OMS, o estresse afeta mais de 90% da população mundial, não sendo sequer considerado uma patologia em si, mas sim um fator de adaptação e proteção do corpo contra agressões externas.
As fases do estresse
Sabemos que toda situação de estresse emocional – e entenda-se aí a pressão psicológica da incerteza do contágio por um vírus com efeitos ainda não totalmente conhecidos e sem um tratamento efetivo, apesar dos diversos protocolos em andamento – pode desencadear alterações orgânicas que variam de pessoa a pessoa, além do próprio confinamento em si, que pode gerar situações de conflitos familiares, além de depressão nas pessoas que vivem sós.
Assim, ao sermos submetidos a uma situação de estresse, o corpo responde com uma reação em cadeia que pode ser dividida em três partes:
1- Alarme – o corpo rastreia essa informação e ativa o sistema neuroendócrino que, em resposta, libera substâncias numa cascata fisiológica, resultando na liberação dos hormônios do estresse, adrenalina e cortisol, que aceleram o batimento cardíaco, dilatam pupila, aumentam sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão, contraem o baço estimulando-o a inundar a circulação sanguínea com células novas, a fim de oxigenar melhor os órgãos. Essa reação possibilita o ser humano a se preparar para a “batalha” que está por vir, passando para a segunda fase.
2- Adaptação – nesse ponto, é feita uma “nova leitura”. Depois de reconhecidos os estragos causados, o corpo se prepara para adaptar esses hormônios a níveis fisiológicos novamente e tudo volta ao normal. Porém, se o estímulo agressor permanecer, pode levar o corpo ao terceiro estágio.
3- Exaustão – é quando as alterações biológicas entram em esgotamento com déficit das reservas de energia, podendo levar a condições de agravamento de doenças pré-existentes ou o surgimento de doenças agudas. O corpo por si só não é capaz de dar um re-start. O estresse agudo, repetido inúmeras vezes pode trazer consequências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas.
Mas, então, o que fazer num momento em que o estresse é a palavra de ordem e o confinamento é uma questão de sobrevivência?
Para tentar minimizar e, até mesmo, tratar precocemente as sequelas físicas desse período de mudança brusca no nosso modo de vida, proponho uma visão mais abrangente da saúde.
Talvez não exista uma resposta única e, sim, muitas:
1- Procure levar uma rotina dentro da quarentena, com horários que sejam dedicados a atividades físicas como limpeza da casa, cuidados com as plantas, pequenas tarefas manuais, etc.
2- Cuide da alimentação de forma tranquila, sem mudanças bruscas como dietas restritivas rigorosas ou ingestão desordenada de calorias. Afinal, o equilíbrio é o melhor caminho.
3- Pratique e adote atividades prazerosas e positivas como leitura, música ou filmes que melhorem seu astral. Evite ler muitas notícias de pânico e redes sociais que lhe coloquem em situações de contrariedade.
4- Assim que acabar o isolamento obrigatório, passe em consulta com um médico de sua confiança para avaliar sua saúde global, para que os danos do confinamento sejam os menores possíveis.
Pense positivo. Este momento é transitório e vai passar mais rápido e como menos estresse se você cuidar bem de você!